terça-feira, 1 de abril de 2008

Santa Catarina: terra dos estádios?

Na última pesquisa de torcidas divulgada no país, Santa Catarina exibia índices muito ruins de participação dos torcedores nos clubes locais. São Paulo, Palmeiras, Inter e Grêmio, só para citar alguns exemplos, fazem a cabeça de milhares de catarinenses, incluindo aí, os que tem clubes de relativa força em suas cidades. Os clubes catarinenses parecem dispostos a mudar essa realidade no entanto. Figueirense, Avaí, Joinville e Chapecoense planejam grandes estruturas para receber seus torcedores atuais e atrair novos. A Arena Joinville já é referência em estrutura, neste cenário de evolução patrimonial dos clubes. Recentemente, outro grupo anunciou sua intenção de construir uma arena: O Sesi – em Blumenau. Localizações e metas distintas a parte, já é possível projetar um cenário de competitividade. O estado comportará tantas estruturas? Existirão tantos investidores e patrocinadores para manter tais estádios?

O Figueirense tem o projeto mais ambicioso, com a intenção de sediar jogos para a Copa de 2014. Além de uma moderna e luxuosa arena com capacidade para 40 mil lugares, a idéia é construir espaços para escritórios, lojas, cinemas, centro de convenções e infra-estrutura completa para visitação. A maior parte do empreendimento deve vir de investidores.

O Avaí não detalha seu projeto em seu site, mas mostra indícios que vai comprar uma área adjacente a que possui atualmente para montar um complexo para comportar bem mais que os 20 mil torcedores que suporta no momento. Nas maquetes é possível conferir a intenção de estabelecer estrutura bem mais voltada para o esporte, com campos de treinamento, edifício de apoio, academia e fisioterapia, além de campo sintético coberto.

Outro clube na onda da casa nova é a Chapecoense. O pequeno Indio Condá deve ser ampliado (foto1/divulgacao Clicrbs)– a primeira fase prevê que as arquibancadas do setor sul sejam triplicadas e 18 salas comerciais devem ser construídas abaixo das arquibancadas. A primeira fase do projeto está avaliada em R$ 3 milhões. O Professor especializado em Marketing Esportivo, Fernando Trein, acompanhando o jogo do campeão catarinense 2007 contra o colorado dos pampas, destacou ainda que a prefeitura tem grande participação no projeto e que a cidade é predominantemente torcedora da dupla gre-nal.

A Arena Joinville, onde o JEC manda seus jogos, tem a melhor estrutura entre os estádios catarinenses, ao menos por hora. O projeto final do complexo prevê capacidade para abrigar 30 mil pessoas e lojas comerciais, praça de alimentação e parque público. A novidade mais quente fica por conta da idéia do SESI de fazer (na realidade reformar o seu - foto2) mais um estádio, em Blumenau, que pode beneficiar o Metropolitano, time que faz boa campanha e tem razoável presença de público no catarinense 2008. A idéia é superar os 30 mil lugares e o modelo pensado pelo SESI é inspirado em nada menos que a Allianz Arena, de Munique. Para saber mais sobre o interesse da entidade na estrutura, Arena do Marketing falou com Hermes Tomedi, Gerente Regional do SESI em Blumenau.

Arena: Existe estimativa do valor que envolve a reforma do estádio em Blumenau?

Tomedi: Estimativa inicial de R$ 35 milhões.

Arena: Além da arena de Joinville, há projetos grandiosos de novos centros esportivos em Florianópolis. O estado comporta essa concorrência?

Tomedi: O estádio tem sua utilização fundamentada em futebol, atletismo e outros grandes eventos, que necessariamente devem ser realizados em cada cidade. Sendo assim, não existe concorrência e sim uma soma de opções para que Santa Catarina possa receber em vários municípios eventos de grande porte.

Arena: Quais os projetos para manter a sustentabilidade da iniciativa, além do futebol profissional?

Tomedi: O projeto de sustentabilidade do empreendimento será decidido após definição do modelo de gestão do mesmo, tendo como pressuposto a forma de captação dos recursos que serão utilizados para reforma e ampliação do estádio, pois o SESI esta contribuindo com a situação atual, ou seja, do estádio já existente. O restante dos recursos deverão vir da iniciativa privada e convênios com governos.

Arena: Que tipo de parceiros são estudados para compor a parceria? Já há alguma negociação?

Tomedi: Ainda temos a fase de elaboração dos projetos de engenharia,(elétrico, hidráulico, preventivo de incêndio, etc) e definição de uma pessoa jurídica que ficará a cargo do encaminhamento da gestão da catação de recursos e provavelmente, se tudo correr bem, da execução da obra. Sendo assim, quando esta entidade estiver constituída, a mesma definirá a formatação dos prováveis parceiros participantes do empreendimento.

Arena: O estádio tem como objetivo garantir a atração de mais eventos esportivos para Blumenau ou apenas melhorar a estrutura atual? O estádio poderá ser usado por clubes da região?

Tomedi: Além da prática do futebol profissional, competições da Confederação Brasileira de Atletismo, Federação Catarinense de Atletismo e eventos organizados pelo SESI/SC, poderemos ter grandes amistosos de futebol, outros eventos que se encaixem na estrutura de um estádio que tem como prioridade o futebol e o atletismo. O estádio prevê também várias áreas no interior das arquibancadas, que poderão receber eventos dos mais variados, tais como promoções, lançamentos, reuniões, etc... Além do clube local, o estádio poderá abrigar outros clubes da região, observadas a manutenção das instalações que como qualquer estádio tem que ter boa qualidade de grama para prática do futebol.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Brasileiro é apaixonado por futebol, mas não por estádio

É verdade que o futebol está evoluindo, é verdade que os clubes estão se esforçando e é mais verdade ainda que a partir de algumas iniciativas, alguns clubes retomaram bons índices de aumento de público nos campeonatos locais.

Os números de público divulgados pelas federações de futebol dos três estados da região sul, no entanto, apontam uma realidade que inspira trabalho para os departamentos de marketing e comunicação: ainda há MUITO a melhorar em relação a presença do torcedor nos estádios.

No Paranaense, segundo dados da Federação Paranaense de Futebol (FPF), até 10 de março, a média é de 2.771 pagante,s e os catarinenses tem números ainda mais acanhados: apenas 2.308 torcedores pagantes acompanharam cada partida, em média de acordo com a federação catarinense. No Gauchão, os números são um pouco melhores, mas ainda incipientes se levarmos em conta a tradição de grandes torcidas do interior - só 3.010 expectadores para cada partida.

Nos três estados – e é bom deixar claro que tive acesso a diferentes levantamentos, que foram realizados em épocas distintas – quem lidera a corrida de público é um grande clube, da primeira divisão do futebol brasileiro, de história e tradição – nada menos que o esperado para suas dimensões de patrimônio e estrutura. Na linha de frente, estão Internacional, Figueirense e Coritiba, seguidos de Grêmio, Joinville e Atlético-PR, respectivamente. Clubes como Londrina(PR), Criciúma(SC) e Brasil-PE (RS) também têm boas médias, mesmo sem os holofotes da imprensa das capitais.

Do outro lado, clubes menores, de cidades com população reduzida ou sufocadas por torcidas de clubes mais estruturados. 15 de Campo Bom, Guarani de Palhoça e J.Malucelli não conseguem colorir seus estádios com mais de 405 torcedores por jogo. Não coincidentemente, esses times passam por más fases em campo também.

Cruzando os números com as capacidades dos estádios, é perceptível que a maior parte dos espaços fica ociosa – uma grande lacuna para ser trabalhada. O Coxa deixa 79% do grandioso Couto Pereira desocupado, o Avaí, quase 30% da Ressacada e o Caxias não ultrapassa sequer 10% da ocupação do bonito Centenário, onde cabem 30 mil torcedores aproximadamente, por exemplo. Lotação ou públicos mais expressivos, apenas em jogos ditos "importantes" ou em decisões. No Rio Grande do Sul, a dupla GRE-NAL registrou grandes públicos com promoções que promoveram a entrada gratuita de mulheres e crianças. Os dois rivais também contam com expressivos quadros sociais (mais de 50 mil sócios, cada clube) para manter a regularidade de suas médias.

Se os discursos para construção de arenas européias estão na ponta da língua dos dirigentes, a política de gestão e marketing está bem distante dos clubes do velho continente. O argumento de que o conforto e a estrutura trará torcida é como a discussão sobre o ovo e a galinha. É o conforto que chama o torcedor ou o comparecimento que inspira a construção de um espaço melhor?

Confira abaixo as médias de públicos dos campeonatos regionais do sul

Paranaense
Público dos clubes (média/jogos em casa)
1.º) Coritiba… 8.725 (7)
2.º) Atlético… 7.977 (8)
3.º) Londrina… 6.683 (7)
4.º) Paraná… 3.393 (8)
5.º) Galo/Adap… 2.820 (8)
6.º) Rio Branco… 2.100 (7)
7.º) Cascavel… 2.055 (8)
8.º) Iguaçu… 1.671 (7)
9.º) Toledo… 1.515 (6)
10.º) Paranavaí… 1.200 (7)
11.º) Cianorte… 905 (8)
12.º) Engenheiro Beltrão… 880 (6)
13.º) Iraty… 770 (6)
14.º) Real Brasil… 525 (6)
15.º) Portuguesa/CAC… 339 (6)
16.º) J. Malucelli… 307 (7)


Gaúcho
Público dos clubes (média/jogos em casa)

1º) Inter...17.883,33 (6)
2º) Grêmio...13.322 (6)
3º) Brasil-Pe...3.060,17 (6)
4º) Inter-SM...2.129,83 (6)
5º) Caxias...2.040,33 (6)
6º) Juventude...2.020,50 (6)
7º) Esportivo...1.316,00 (6)
8º) São Luiz...1.162,67 (6)
9º) Guarany-Ba...903.83 (6)
10º) Novo Hamburgo...,998,66 (6)
11º) Sapucaiense...723,17 (6)
12º) Santa Cruz...625,00 (6)
13º) Ulbra...579,33 (6)
14º) Veranópolis...549,00 (6)
15º) São José-Poa...555,17 (6)
16º) 15 de Novembro...404,33 (6)

Catarinense
Público dos clubes (média/jogos em casa)
1º) Figueirense...6.220 (6)
2º) Joinville...5.633 (6)
3º) Avaí... 5.498 (7)
4º) Criciúma... 3.334 (7)
5º) Chapecoense...1.904 (7)
6º) Metropolitano... 1.126(6)
7º) Brusque...918 (7)
8º) Marcílio Dias...900 (6)
9º) Juventus...692 (7)
10º) Cidade Azul...622 (7)
11º) Atlético HA...460 (6)
12º) Guarani...405 (6)


Fotos: Internacional x Brasil-Pe (divulgação)
Ulbra x Villa Nova (MG) (Retirada de reporteresportivo.wordpress.com / Credito Luis Felipe dos Santos)
Demais fotos: Divulgação - Sites Londrina Esporte Clube, Brasil de Pelotas e Joinville Esporte Clube.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Profissionalizar para crescer


Na S.E.R Caxias um dos maiores times do estado, mas de pequena projeção nacional, a ordem é pensar com princípios de uma empresa privada


Em 2006, a notícia de uma provável parceria entre Esporte Clube Juventude e a gigante do setor de bebidas Red Bull tomou as páginas dos principais jornais de todos país. A possível injeção de um montante de recursos dignos de clubes europeus e a perspectiva de carregar uma marca internacional deixou os juventudistas eufóricos por alguns meses. O clima de oba-oba foi dando lugar a interrogações e a expectativa por boas notícias acabou frustrada. As negociações não se consolidaram. Não muito longe dali, o rival, S.E.R Caxias, com menor projeção, trabalhava de forma silenciosa, para fechar uma parceria efetivamente concreta.

Em 30 de janeiro de 2006, a S.E.R Caxias divulgou a aprovação unâmine do conselho do clube a nova parceria com o Grupo Metalcorte, empresa de aços planos, fundidos e motores. A promessa de Osvaldo Voges, diretor-presidente do Grupo Metalcorte, não ganhou a capa dos jornais, mas foi bem mais real que o sonho do rival.
“A partir de agora, além de elevar a marca Metalcorte, vamos profissionalizar a gestão do Caxias, diversificando os investimentos do Grupo”, projetou.

O discurso saiu do papel. Em 2007, o Caxias venceu a copa FGF e foi vice-campeão da Recopa Sul-Brasileira. Reformulou o site, lançou novos uniformes, inaugurou uma loja do Clube e trabalha ou projeta a reestruturação de categorias de base, do Estádio Francisco Stedile e das ações de divulgação. Em apenas um ano de parceria, o clube passou de 614 para 2240 associados, como revela a diretora da Dolaimes Comunicação e Eventos, Fulvia Stedile, que gerencia o departamento de marketing da S.E.R Caxias e falou com ArenadoMarketing.

Arena: A SER Caxias recentemente adotou uma postura de profissionalizar a gestão, a partir da parceria com a Metalcorte. O Marketing está inserido nesse processo? O que o departamento coloca como metas?

Fúlvia: Sim, o marketing e todos os departamentos do clube estão inseridos neste processo. As metas do marketing são ampliar o relacionamento com os públicos da SER CAXIAS, fortalecendo principalmente as ações voltadas aos associados e a captação de novos associados.

Arena: A SER Caxias tem relativa visibilidade na mídia estadual, embora menor que o seu rival, mesmo que tenha torcida quase compatível. A que se atribiu essa situação e o que fazer para mudá-la?

Fúlvia: A SER CAXIAS está construindo um novo momento. Com isto, em apenas um ano de gestão profissional, saímos de 614 para 2.240 associados. Acreditamos que o clube está mudando diariamente este quadro, para melhor.

Arena: Que ações o Caxias faz para estimular o comparecimento do público ao estádio? E o que fará a partir dessa reestruturação?

Fúlvia: Todas as ações de marketing trabalham para isto. Estamos realizando ações em parques e eventos da cidade, divulgando a campanha "Brilha a Paixão Grená". Lançamos uma coleção completa de roupas e acessórios oficiais e mensalmente, são lançados novos produtos para a loja oficial do clube, inaugurada em janeiro de 2008. Também as lojas esportivas da cidade estão vendendo o fardamento grená. Todos os quiosques de informação/turismo da cidade têm nosso folder informativo. Enfim, são muitas ações que aproxima cada vez mais A SER CAXIAS de sua grande torcida.

Arena: O Caxias tem o que poucos clubes do estado têm: torcedores exclusivos - desvinculados da dupla grenal - além do Grená, isso ocorre só com a Dupla Brapel e o Juventude, podemos dizer. Como trabalhar melhor essa "independência" e como ampliar esse leque de torcedores?

Fúlvia: A torcida da SER CAXIAS é apaixonada e sempre esteve junto com o clube, em todos os momentos, difíceis e de glórias.
O objetivo é ampliar a nossa torcida e respeitar a escolha dos torcedores de outros clubes.

Arena: Uma das fórmulas mais exaltadas pelos especialistas em marketing esportivo é desvincular o desempenho dos clubes da receita gerada por ingressos, produtos licenciados, etc. O Caxias foi campeão gaúcho em 2000 e também da Copa FGF em 2007, mas passou por alguns períodos de dificuldades, como a queda para série C. Como garantir essa fidelidade do torcedor? A rivalidade local auxilia o estímulo ao apoio?

Fúlvia: Como já colocamos anteriormente, o torcedor grená tem apoiado seu clube "faça chuva ou faça sol". O que vemos, é que a cada etapa vencida, ampliamos nossa torcida, que valoriza o trabalho de reestruturação que vem sendo realizado, que é baseado numa gestão profissional.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

A fidelidade GRENAL

Uma reportagem publicada neste final de semana no jornal Folha de São Paulo aponta uma série de curiosidades sobre as torcidas no país. A mais interessante delas: o Rio Grande do Sul tem os torcedores mais "fiéis" aos seus times no país. Enquanto nos outros estados, Flamengo, Corinthians e outros times do sudeste possuem grande índice de preferência entre os torcedores, no Rio Grande do Sul a dupla grenal não tem com o que se preocupar.

Da Folha de São Paulo:

Rio Grande do Sul é o Estado que mais registra fidelidade com clubes locais

DA REPORTAGEM LOCAL

A pesquisa do Datafolha de novembro último confirma que os grandes clubes cariocas são mais populares do que os paulistas em outros Estados. E revela também que os moradores do RJ são mais fiéis aos clubes da casa do que os de SP.Entre os entrevistados no RJ, 80% dizem torcer por Flamengo, Vasco, Botafogo ou Fluminense. Em SP, a preferência somada por Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos alcança a marca de 70%.

Nas dez unidades da República tabuladas pelo Datafolha no assunto, somente no RS a fidelidade aos principais clubes locais é maior do que a registrada no RJ -84% dos gaúchos dizem ser seguidores do Grêmio ou do Internacional, ambos sediados na capital, Porto Alegre.Em nenhum outro Estado as agremiações locais respondem por mais de 50% das preferências. Em Minas Gerais, 47% dos entrevistados apontaram o Atlético-MG ou o Cruzeiro como time de sua preferência.

No Nordeste, em alguns casos é mínima a participação dos times da casa na popularidade entre os torcedores.No Ceará, por exemplo, somente 16% dizem torcer por uma das duas potências do Estado (Fortaleza e Ceará).E, nesses casos, os corações desses brasileiros pendem mais para os clubes cariocas do que para as equipes paulistas.No Distrito Federal, 48% dos entrevistados indicaram uma agremiação do Rio como a preferida. Os times paulistas ficaram com apenas 19%.Na Bahia, são 30% os seguidores do quarteto de grandes cariocas -os quatro grandes de SP detêm 18% da preferência.

Vantagem grande a favor dos paulistas somente no vizinho PR, onde o Corinthians é o time mais popular (15%) e os times de São Paulo somam 38% das preferências, contra apenas 7% das agremiações cariocas.Para os clubes paulistas, serve de consolo o fato de que dois representantes do Estado (Corinthians e São Paulo) conseguem, cada um, ostentar 1% da preferência no RJ, enquanto o Flamengo é a única agremiação de lá a atingir a marca em solo paulista.

A pesquisa também desmente a fama de que "torcida de verdade é a do Corinthians, já que os torcedores do clube tem um dos menores índices de acompanhamento do time no estádio. A pesquisa não revela os dados dos clubes do sul, mas é possível pressupor que os indicadores sejam menos tímidos.

Paulistano é quem menos vai ao estádio

Pesquisa Datafolha revela que apenas 15% dos torcedores da capital de SP dizem torcer por seu time das arquibancadasÍndice da cidade que abriga Corinthians, São Paulo e Palmeiras fica abaixo da média nacional, de 21%, e distante de Rio e Salvador

EDUARDO OHATA PAULO COBOS DA REPORTAGEM LOCAL

Assistir a um jogo de futebol no estádio não é um programa típico do torcedor paulistano. Pesquisa nacional do Datafolha, realizada no final de novembro, mostra os moradores da cidade como os menos dispostos a torcer por seu clube nas arquibancadas. Só 15% dos entrevistados na capital paulista disseram ir aos estádios, mesmo sendo só de vez em quando. Esse número fica razoavelmente abaixo da média nacional (21%) e distante da registrada por cariocas (27%) e soteropolitanos (28%).

O Datafolha ouviu 11.786 pessoas em 390 municípios de 25 Estados. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Na questão do hábito dos torcedores de ir ao estádio ou acompanhar os jogos pela TV, uma resposta não exclui a outra. E quem puxa o desprezo dos paulistanos é justamente o corintiano, tido como "o mais fiel dos torcedores". Só 23% dos seguidores do clube alvinegro afirmam que têm o costume de freqüentar estádios, contra 24% dos são-paulinos, 25% dos palmeirenses e 26% dos santistas.

Comparado com o que acontece com grandes de outros Estados, a apatia paulistana pelas arenas de futebol fica ainda mais evidente. No Rio de Janeiro, 30% dos flamenguistas apontam um campo de futebol como programa. No Nordeste, 36% dos seguidores do Bahia expressam a mesma opinião. O resultado da pesquisa encontra respaldo na bilheteria nos Brasileiros do ano passado. Tanto o Flamengo, na primeira divisão do campeonato, como o Bahia, na terceira, registraram média de cerca de 40 mil torcedores por partida. O grande paulistano que mais se aproximou disso foi o São Paulo, com 29 mil pagantes por confronto. O Corinthians computou 20 mil fãs por jogo.

A observar:

- A pesquisa mostrou outros dados que mostram uma grande lacuna para trabalho dos clubes, no nosso caso, especialmente da dupla Atletiba. Ora, não pode-se tratar de um resultado unicamente atrelado a resultados, já que times como o Palmeiras amargam secas históricas de títulos, mas continuam figurando entre os mais lembrados.


- Trata-se de uma questão cultural, é verdade. Entretanto, é essa cultura que tem que ser talhada, estudada e analisada sob pena de ver oportunidades se despedindo. Atlético e Coxa (e o Paraná também) devem se mobilizar para compreender esse panorama, identificar as causas desses índices (ao invés de desmerecê-los) e tornarem-se, de vez, os donos do campinho.

- Não havia, na reportagem, dados sobre os clubes catarinenses, mas não é preciso mencionar que essa realidade paranaense serve ainda mais para fazer pensar dirigentes de Criciúma, Avaí e Figueira, só pra citar alguns.

- Também vale estudar um pouco os índices de comparecimento dos torcedores aos estádios - já que nem sempre só conforto, segurança ou bons preços asseguram a presença da massa. Em tempo: A pesquisa também coloca o Grêmio como o time de sexta maior torcida do país e o Internacional como a oitava - na frente de Santos, Atlético-MG e Fluminense.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Uma marca INTERNACIONAL

O título da Dubai Cup, conquistado pelo Sport Club Internacional - o quarto em âmbito internacional em menos de dois anos - trouxe mais louros do que o US$ 1 milhão e os trunfos sobre os campeões alemão e italiano. Com a conquista, o Inter fortalece AINDA MAIS a sua marca no exterior. A vitória do Inter brasileiro sobre o italiano ganhou repercussão entre os jornais Ole, da Argentina e La Gazetta dello Sport e Corriere della Sera, por exemplo. O periódico argentino destacou que "O Internacional de Porto Alegre voltou a demonstrar toda a sua hierarquia hoje (segunda), assim como em 2006, quando venceu o Barcelona e conquistou o Mundial de Clubes".

O trabalho de marketing do clube foi inteligente. Além de promover sua marca através de brindes, como canetas com impressões no idioma árabe, o vice-presidente colorado de Marketing, Jorge Avancini, levou um livro sobre a trajetória do clube, em inglês. Avancini participou ainda do painel intitulado "Oportunidade de Negócios para os Clubes de Futebol no Oriente Médio", em um fórum sobre negócios no futebol. Em pauta, o sucesso colorado no futebol brasileiro e mundial aos presentes, especialmente nas categorias de base. O colorado conta com mais de 2 mil meninos de 8 a 12 anos, além de outros 35 mil espalhados no Projeto Genoma Colorado.

O caso das categorias não surpreendeu os árabes à toa. A estrutura do clube para os menores foi reformulada ainda esta década, com o intuito de formar atletas para o sucesso. Daí saíram Lúcio, Daniel Carvalho, Nilmar, Rafael Sóbis. Não é só. A estratégia de reformular a política de divulgação de um clube que não logrou muitos êxitos na década de 90, passou por uma política inteligente de associados - que somam mais de 50 mil atualmente. A partir da política de sócios, o clube aprimorou melhor suas estratégias de relacionamento com o torcedor.

Voltando a Dubai Cup. Jornais gaúchos deram conta que o Inter buscava, e pode ter iniciado tratativas, para acertar com um parceiro para name rights - um modelo de negócio aplicado - e muito bem - pelo Atlético-PR com a Kyocera, quando o clube cede o direito de nomear o estádio e recebe um bom volume de recursos em troca. O primeiro resultado prático da pré-temporada de luxo foi o convite para um amistoso com o Real Madrid, em meados de agosto deste ano. E o colorado ainda tem campeonato local, copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e Copa Sul-Americana em 2008. Que bons ventos levem o colorado.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Os campeões do Grêmio em nova camiseta (só que do Cruzeiro)

Do Globoesporte.com

Um erro operacional da empresa que fornece material esportivo do Cruzeiro fez com que centenas de camisas fossem retiradas das lojas neste fim de ano. A Puma lançou este mês, em alusão à fundação do clube mineiro, no ano de 1921, 300 camisas comemorativas.

Entretanto, a foto estampada na camisa mostra o time do Grêmio, que também é patrocinado pela fornecedora. De acordo com o diretor de marketing do clube, Antônio Claret, todas as camisas já foram retiradas de circulação do mercado.

- As lojas do Cruzeiro receberam 300 camisas há uns 20 dias, e já pedimos para serem retiradas. Foi um erro operacional da empresa. Na última sexta-feira, tinham algumas camisas na Centauro, e também pedi para recolher. Já está tudo resolvido. Não precisamos nos preocupar com isso - esclareceu Claret.

Isso lembra outro caso, também recente, que também envolvia o Grêmio, mas em outro papel

Também do Globoesporte
25/01/2007 - 19h:45m - Quinta-feira
Grêmio usa foto do Inter campeão em seu site

RIO DE JANEIRO - O torcedor do Grêmio mais atento levou um susto quando entrou no site oficial do clube nesta quinta-feira. É que a empresa que atualiza a página tricolor fez uma montagem para divulgar a participação do clube na Taça Libertadores utilizando uma foto da comemoração do Internacional na competição continental. Logo que a gafe foi percebida, a montagem foi tirada do ar.

O diretor do conselho administrativo do Grêmio, César Pacheco, minimizou o acontecido e preferiu apelar para a famosa rivalidade com os colorados.

- Não é uma foto do Inter, é uma montagem que está escurecida. A empresa que faz o site (a página do Tricolor é terceirizada) explicou que comprou de um banco de dados. Cobramos da empresa, mas o que existe é que o Grêmio disputou onze Libertadores e ganhou duas, e eles disputaram duas e ganharam uma - afirma, por telefone, ao GLOBOESPORTE.COM.

O dirigente tricolor afirmou que o caso não teve proporções maiores dentro do clube e nem entre os torcedores.

- Não teve repercussão aqui. Recebo todos os emails da ouvidoria e não vi nada. O caso passou despercebido - diz.

Falhas de planejamento que denunciam o amadorismo - EM ALGUNS CASOS - ou a falta de preocupação em outros na aplicação de práticas de marketing esportivo.


quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Foco na estrutura, mas desejo de voltar a elite



Sem reforços, diretoria do Paraná Clube foca esforços em infra-estrutura




Sem reforços, diretoria do Tricolor foca esforços em infra-estrutura Enquanto dirigentes esperam fechar com três novos jogadores, planejamento para os próximos dois anos prevê revitalizações e CT em Quatro Barras




por THIAGO DE ARAÚJO - GAZETA DO POVO ONLINE - http://www.gazetadopovo.com.br/

A torcida do Paraná Clube ainda espera por reforços para a temporada 2008. A diretoria, por sua vez, assegura que está trabalhando intensivamente neste sentido, mas por ora apenas o volante Léo foi oficializado. E na busca pela profissionalização do departamento de futebol e pela volta à Série A já em 2009, a cúpula paranista planeja investimentos em infra-estrutura.

Apesar desta temporada ter sido desastrosa no time profissional, as categorias de base deram retorno, e como “prêmio”, o presidente Aurival Correia espera anunciar no primeiro semestre de 2008 a construção do Centro de Treinamento de Quatro Barras, na região metropolitana de Curitiba. O local iria abrigar todas as categorias de base do Tricolor já no próximo ano. O projeto ainda está no papel, mas o acerto de uma parceria pode acontecer nos próximos meses.

“Este projeto do CT para a base está sendo avaliado e estudado por nós. Estamos traçando como isso será feito, estudando parcerias, para a construção dos campos, alojamentos, tudo que envolve um centro de treinamento. Estamos conversando com alguns interessados, mas antes de qualquer anúncio a proposta tem que passar pelos conselhos, afinal somos um clube”, explicou Correia.

Enquanto engenheiros contratados pelo Paraná trabalham no plano diretor de toda a área que o clube possui em Quatro Barras, a sub-sede do Tarumã também deve tornar-se outro CT, mas do elenco profissional. Este projeto, contudo, será montado posteriormente.

Em janeiro, a Vila Olímpica também deve voltar a receber a atenção da diretoria. O estádio que abrigou o pentacampeonato paranaense em 1997 hoje é a casa dos times da base, e será regularizado aos poucos, já vislumbrando-se que o Tricolor atue lá no Estadual de 2008, abrindo espaço para a troca completa do gramado da Vila Capanema – meta que não poderá ser cumprida neste próximo ano.


“Não dará tempo para adequarmos a Vila Olímpica a tempo para os torneios deste ano, mas faremos as obras necessárias. A meta é acertar a construção do CT em Quatro Barras, transferir as categorias de base e a equipe profissional poderá treinar e mandar jogos no Boqueirão já em 2009”, disse Aurival Correia.

Minhas observações sobre a notícia e o Paraná Clube:


- Vale sempre lembrar que o Paraná Clube é, como o próprio nome sugere, um CLUBE esportivo, social e recreativo. Todo tipo de aposta no futebol passa por essa visão multifuncional da entidade. O time paranaense, é bom lembrar, é fruto da fusão entre Colorado Esporte Clube e Esporte Clube Pinheiros. O Paraná é bicampeão da série B e sete vezes campeão do paranaense.

- Alguém sempre vai chiar, que é necessário investir mais em reforços, porque o time caiu pra série B e afins. Só que a estrutura vai garantir o Paraná como referência na formação de jogadores e isso, posteriormente, vai favorecer o clube. O time já foi destaque no campeonato brasileiro sub-20. O atual campo também não era dos melhores.

- O publicitário Marcelo Romaniewicz, 38 anos, assume em 2008 o departamento de marketing do clube, prometendo inovação e criatividade, mesmo com recursos escassos inerentes a realidade brasileira. Vale todo tipo de incremento nessa área tão deficitária em TODOS os clubes de futebol do Brasil. A promessa é "mexer com o orgulho dos paranistas, do torcedor ao sócio, valorizando a marca Paraná Clube."

- O Paraná Clube tem um dos projetos mais conscientes entre os clubes da série B, mas passou do céu ao inferno em 2007, quando de representante brasileiro na Libertadores chegou a segunda divisão. Ainda assim, como é um clube com base, projeto e estrutura, reune bons indicativos para voltar a elite do futebol em 2008.

- A torcida do Paraná só teve melhor média que a de Santos e Juventude - foram 8766 torcedores por partida. Só aí já dava
pra melhorar bastante.